quinta-feira, 26 de maio de 2011

Travei...

Ainda sobre a Faculdade de Educação Física ao qual me formei. Primeiro ano, muitos alunos e resolveram dividir a turma. Feminino e Masculino.
Ninguém gostou, mas foi o jeito.
Entre as várias disciplinas tínhamos futebol. O professor era um fofo, paciência era o seu nome e nós um bando de garotas que parecia nunca ter visto bola de futebol.
Como todo bom educador, fez o possível, nos ensinou tudo, como jogar com o peito do pé, lado do pé, 3 dedos, bico do pé, drible, enfim, tudo.
E tinha Ginástica. E tinha a Professora de Ginástica. E a Professora era o "cão chupando manga". Eu não sabia que ainda existia Professora assim, tipo sargentão, uns olhos azuis enormes que te arrancavam até a alma. Ai se alguém desse um pio... Ficávamos até procurando a palmatória. Tinha que ter tudo anotado no caderno, tinha que ter todos os trabalhos, tinha que ter 100% de presença, tinha que ter todas as fichinhas das aulas de todas as alunas. Tudo isso valia ponto. E tinha prova escrita e oral.
E também tinha, é claro, aula prática.
E chegou a minha vez. Eu sempre fui comportada na escola, nunca fui de bagunça, sempre tímida, quieta mesmo. E chegou o meu dia de dar aula.
Só de lembrar já tremia, não pela Professora, mas pela minha posição de tímida.
Preparei a aula, decorei, ensaiei, fui pra frente do espelho treinar e pronto, tudo certo.
Chegando lá, eu e um bando de meninas na minha frente, me metralhando com os olhos como que perguntando:
- Vamos, comece.
E eu travei, não conseguia nem respirar. Suava frio e todo mundo percebeu. Silêncio total no recinto.
Eu sinceramente não sabia o que fazer... Olhava pras meninas... Olhava pra "cão chupando manga" e ela com sua vasta experiência, ficou quase que escondida num cantinho, totalmente indiferente, sem me lançar nenhum olhar matador com aqueles olhos azuis.
Passaram uns 5 minutos, que pareciam uma eternidade.
Respirei fundo e aos pouquinhos a aula saiu. No final, ela me agradeceu pela aula (eu é que tinha que agradecer pela compreensão), dispensou a turma e fomos embora.
Esses e muitos outros foram momentos difíceis mas não tenho dúvidas de que foram os melhores momentos de minha vida.

Saudade... parece que foi ontem mas já tem 22 anos!


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