sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Isso existe

Estava eu no ônibus e como toda boa curiosa, escutando a conversa alheia.
Duas mulheres na minha frente no maior papo:
- Ah, sabe, eu tô cansada; eu queria um homem de verdade; sabe aquele homem?
- Mas e o Augusto? Você separou dele?
- Não, ele... ele... (rsrsrsrs)... já viu, né... O trem dele não levanta mais não!
- Coitado dele! Mas não pode! Não tem solução?
- Tem, mas ele tem a mulher dele, então fica difícil.
- Ex mulher?
- Não, mulher mesmo! Ele fica o dia todo com ela e vem à noite na minha casa.
- Ele tem duas casas? É isso?
- É.
- A mulher dele sabe disso?
- Sabe, mas é doente, depende dele pra tudo, então fica assim.
- Há quanto tempo isso?
- Ah, já vai pra mais de 20 anos. A Andreza já tá com dezenove!
- No começo ela não falou nada, não brigou com ele, com você?
- Não... Ambos nós todos combinamos que seria assim!
- Gente, que coisa! É verdade isso? O que ele faz?
- Agora é aposentado. Mas tem que me sustentar mais a filha dele, a Andreza.
- Você se satisfaz com essa situação? Não é pouco pra você? E se você quiser viajar, passear, como fica?
- Aconteceu, né... fazer o quê? Deus quis assim, então fica assim. Mas eu já tô cansada dessa vida. Eu queria mesmo era um homem... como eu te falei.
- Ele tem outros filhos?
- Tem... mais três com a mulher dele. Mas a casa que eu moro mais minha filha ele comprou e colocou no nome da Andreza. Então ninguém tira a gente de lá.
- E se ele morre amanhã? Vocês vão viver de quê?
- Seja como Deus quer. A gente vai levando, eu arrumo um outro homem e assim vai.
- Menina, não faça isso com você não. Acorda!
- Agora já é tarde, né... Já tá assim, então deixa assim.

Enquanto isso, meu outro ouvido escutando os senhores do banco de trás, um falando que estava muito preocupado com a Líbia, com a situação de lá... etc. Mas não tinha parente nenhum lá e nem nunca teve.
O engraçado é que o outro homem, ouvindo, ficava admirado com o que o primeiro falava; como se entedesse ou então se ele ao menos soubesse onde fica a Líbia. Onde fica a Líbia? O que acontece lá?
Tem muita gente assim mesmo; se faz de entendida só para não dizer que não sabe de nada.
Uma coisa eu aprendi: ninguém tem obrigação de saber nada, mas se não sabe, pergunte! Sempre haverá alguém para ensinar. Não é?
O que faz uma pessoa que não tem vínculo nenhum com algum lugar ficar preocupado? Falta de assunto?
E lá no fundão, claro, uns rapazinhos com aqueles famosos celulares que tocam o tempo todo, chamando, funk!!!
Pronto, chegou meu ponto e desci.
Mas que coisa, heim?

8 comentários:

  1. Graças a Deus não ando de ônibus,e para a mulherada então fica mais dificil pq além de tudo que vc narrou ainda sobra aquela encoxadinha basica qdo tá lotado , kakakaka.....ninguem merece.
    Bjus
    Bx

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  2. Que delicia de texto. Voce é otima cronista. Muito legal. Dialogo otimo. E os nomes? Andrezza..
    Beijos,
    Cam

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  3. Oi Clara!
    Muito bom!
    O cotidiano e sua riqueza de vida e experiências que só Deus entende.rsss
    Beijinhos e um lindo fds!

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  4. Gostei!!!

    Crônica "Simples e Clara".

    Beijuxxxxxxxxxxxxx

    Blue eye!

    ahahhahahahahha

    KK

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  5. Clara querida,

    Adoro suas crônicas! Muito bom texto e humor! Mas que coisa hem? Fica assim... depois que ele morrer arranjo outro pra me sustentar... E existe isso!!! Onde fica a Líbia, mesmo?
    Girassóis nos seus dias. Beijos.

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  6. Ahhhh Clara... Essas viagens em onibus rendem muitas histórias... Escutamos cada uma que ficamos de queixo caido.rsrs
    É a vida!
    Um beijo super carinhoso para você!

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  7. Clara,que conversa dessas duas mulheres!Ainda existe esse tipo de pensamento,infelizmente!A felicidade fica pra depois....rss...ótimo texto!bjs,

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  8. Como tu, gosto também de observar o cotidiano.Vemos cada cena!!Legal !beijos,chica

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